quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E se o sistema operacional mais usado fosse o Linux?


Eu compreendo o indivíduo que declarou ter problemas em passar do Windows para o Linux


Senti o mesmo ao experimentar o Windows. Decidi experimentá-lo, depois de alguns amigos que o usam a toda a hora me dizerem que era ótimo.

Fui até ao site da Microsoft para baixá-lo mas não estava lá disponível.

Fiquei frustrado porque não consegui descobrir como se baixava o mesmo. Por fim tive que perguntar a um amigo e ele disse-me que tinha de o comprar.

Fui até o carro, fui até à Staples e pedi a um dos vendedores uma cópia do Windows. Ele perguntou-me qual, eu disse-lhe: “Quero a mais completa, por favor” e ele respondeu: “São ?599, por favor…”. Soltei um palavrão e voltei para casa de mãos abanando.

Um dos meus amigos deu-me uma cópia do Windows XP mas disse-me para não dizer nada a ninguém. Achei estranho porque faço sempre cópias do Linux para qualquer pessoa que me peça e digo sempre para passar essa cópia a qualquer outra pessoa que esteja interessada, uma vez que já precisem dela.

De qualquer forma coloquei o CD no leitor e esperei que iniciasse o sistema do “Live CD”. Não funcionou. A única coisa que fazia era perguntar-me se o queria instalar. Telefonei para um dos meus amigos, para saber se estava a fazer alguma asneira, mas ele disse-me: “O XP não roda o sistema diretamente do CD”.

Decidi, então, instalá-lo. Segui as instruções que apareciam na tela mas comecei a ficar nervoso porque não perguntou nada sobre os outros sistemas operacionais. Quando instalei o Linux, ele reconheceu que tinha outros sistemas operacionais na máquina e perguntou-me se queria criar uma nova partição e instalar o Linux lá. Voltei a ligar para o meu amigo e ele
disse-me que o Windows elimina qualquer outro sistema operacional que encontra, ao instalar-se.

Fiz uma cópia de segurança das minhas coisas e joguei-me de cabeça na instalação. A instalação foi bastante simples, tirando a parte em que tive que escrever umas letras e um código. Tive de ligar outra vez para o meu amigo mas ele ficou chateado e veio escrever ele próprio o código. Voltou a dizer-me para não dizer nada a ninguém (!!!).Depois de reiniciar o
computador, dei corrida de olhos pelo sistema.

Fiquei chocado quando me deixou mudar as configurações do sistema sem pedir o acesso de root. O meu amigo começou a ficar um bocado irritado quando liguei outra vez para ele, mas acabou por aparecer em minha casa. Disse-me que o acesso de root era dado logo na inicialização. Tratei logo de fazer outra conta de usuário normal e passei a usá-la.

Comecei a ficar confuso quando tentei fazer mudanças e o sistema, ao invés de pedir acesso de root, disse-me que tinha que fechar a sessão de utilizador normal e abrir uma sessão como administrador. Comecei, então, a perceber porque é que tantas pessoas entram sempre como root e tive um arrepio na espinha.

Bom, mas já era hora de trabalhar. Fui ao menu “Iniciar -> Programas”, para abrir uma planilha que eu precisava terminar, mas não consegui encontrar a aplicação de planilhas. O meu amigo disse-me que o Windows não trazia nenhuma aplicação dessas e que eu teria que a baixar da Internet. “Oh…”, pensei, “uma distribuição básica”. Fui ao “Adicionar/Remover Programas” do painel de controle (tal como no Linux), mas não havia lá programas para adicionar. Apenas deixava remover os programas. Não consegui encontrar o botão para adicionar

aplicações. O meu amigo disse-me que eu tinha que procurar as aplicações por minha conta. Depois de muita pesquisa no Google, lá encontrei, descarreguei e instalei o OpenOffice.org.

Para dizer a verdade, diverti-me à brava com o Windows. Não entendi muito da terminologia… porque é que há um drive A, depois um C… onde é que está o drive B? Achei a distribuição demasiado básica, não inclui nenhuma aplicação que seja verdadeiramente de produtividade e
torna-se muito confuso procurá-la. O meu amigo disse-me que eu precisava de software anti-vírus e anti-spyware, mas o Windows não vinha com nada disso.

Achei-o difícil, confuso e demasiado trabalhoso para mim. Pode ser bom para uma pessoa que seja do tipo técnico, como o meu amigo, mas eu fico-me pelo Linux, obrigado.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Orgulho de ser o que é

09/06/2007

Minha mãe não sabe, se soubesse ia chorar muito. Meu pai? Me mataria muito! Quer dizer, me mataria, porque matar é matar, muito ou pouco, não importa. Meu irmão desconfia, porque já tentou duas vezes dar em cima de amigas minhas e se deu mal, elas não estavam nem aí com ele. Já comigo...

Fui sempre assim, e tem gente que ainda fala que é uma "opção". Opção a gente opta, e eu nunca optei por gostar de mulher. Apenas gosto. E não gosto só de sacanagem, não, é gostar do carinho, do afeto, entende?, da alegria que elas têm e que eu tenho, da vontade de ficar juntas, da amizade e da solidariedade, do bom caráter, porque mau caráter pode ser gay, lésbica ou macho pacas que eu quero distância...

Meu pai e minha mãe, que são "normais", estão juntos há 40 anos e são absolutamente infelizes, de que adianta essa normalidade e esse estar certo hipócrita?

Se é assim, eu estou errada mesmo e pronto, dane-se.

Agora é mais fácil, as coisas evoluíram e embora ainda tenha muita gente ignorante que faz questão de não entender, de achar que é pura promiscuidade e malandragem, muitas outras pessoas entendem ou pelo menos nos aceitam. A mim têm que aceitar mesmo, porque eu sou independente, bem sucedida profissionalmente e, modéstia à parte, muito bonita --você não acha?

Não sou masculinizada, ao contrário me considero bem feminina, mas tenho amigas tipo "caminhoneira" que no fundo são uns doces, assim como há muito homem bruto pra fora e extremamente sensível por dentro. Mas essas amigas tipo "mulher macho" também não são assim porque querem, são porque são, oras. Exageros? Claro que tem exagero. Quanto tempo essas moças foram reprimidas, hostilizadas, segregadas? No fundo tentam compensar anos e anos de preconceito. Mas o que você tem a dizer sobre esses caras tipo pitboys, bombados e tatuados? E as peruas botocadas e vestidas com grife dos pés à cabeça e que dão em cima de garotões nos bares da vida? Não são exageradas também?

Meu caro, a vida é curta, curta a vida, viva e deixe viver, como se dizia na Bahia anos atrás. Vai amanhã lá na Parada Gay pra ver que lindo. Serão milhares de pessoas exibindo sua alegria de viver --e outras cositas más, mas e daí, os heteros não exibem quase tudo no Carnaval e na praia e ninguém não está nem aí?

Ficar chocado não vai ajudar a entender.

Aliás, não há muito o que entender, porque o processo de entendimento está em pleno processo, sacou?

E o mais importante agora é a consciência de a gente ser o que é e, ao invés de vergonha, ter orgulho de ser. Tenho orgulho de ser uma homossexual feminina e acho sinceramente que se os homens héteros tivessem orgulho de serem assim e as mulheres também, esse mundo seria muito, muito melhor.

(Depoimento de uma amiga linda e absolutamente resolvida, que veio a São Paulo para, com muito orgulho, participar da Parada Gay)


fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult513u303107.shtml

domingo, 23 de agosto de 2009

Cegos podem enxergar pela língua

por Paula Rothman, de INFO Online

Com uma câmera e impulsos elétricos, dispositivo é capaz de transmitir informações visuais para o cérebro por meio da língua.

O BrainPort é um aparelho ainda em fase de testes, mas que já apresenta resultados em pacientes portadores de deficiência visual congênita ou adquirida em algum momento da vida. “Ele somente passa a informação visual de um jeito diferente, por um canal novo”, explica Eugenio Forgioni Junior, Vice Presidente para América Latina da Wicab, empresa americana criadora do produto.

A história do BrainPort começa na década de 1960 com o neurocientista Paul Bach-y-Rita, um dos fundadores da Wicab. Na época, ele já dizia que nós enxergamos pelo cérebro, e não através dos olhos.

Baseando-se nesse conceito, ele iniciou o desenvolvimento de um aparelho que aproveitasse as muitas terminações nervosas da língua para enviar ao cérebro informações visuais. Hoje, o protótipo em teste possui uma pequena câmera de vídeo de 1,5 centímetros de diâmetro, colocada no centro de um par de óculos escuros.

Em tese, pelo seu posicionamento, ela estaria captando exatamente aquilo que o usuário veria. Conectado à câmera, um dispositivo manual, do tamanho de um celular, permite o controle de zoom, luz e contraste. Nessa unidade também está localizada uma CPU que converte o sinal digital recebido da câmera em pulsos elétricos.


Ver reportagem completa em: http://info.abril.com.br

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Outro olhar

por Camila Dalvi

Atualmente o brasileiro entoa entre risadas e tons graves um mantra que se encaixa em inúmeras situações. Diria até que se encaixa em qualquer situação, como resumo de tudo e única saída plausível. É como o antigo “tudo vira bosta” já cantado por Rita Lee. E mais uma vez o tudo se resume a essa estrutura linguística tão enigmática, tão fechada e completa em si que se mantém intacta, em pé, impassível e, ao mesmo tempo, líquida, escorrente pela boca do povo, que se distrai caminhos afora, adentro, acima, abaixo. Quer coisa mais abrangente e reducionista que o “Cada um no seu quadrado”?

Por essa repetição, tem-se uma aceitação do individualismo crescente. Cada um na sua, e você que não pise na linha, senão pagará prenda! Não se envolva com o outro, não procure saber dele. Repita para si sua série de procederes e viva conforme seu limite quadrático pré-estabelecido, povo marcado. Cada um na sua, seu quadrado! Ops, cada um no seu quadrado. Cada um cuida de si e somente de si. Claro, longe de mim achar que alguma pessoa do mundo seria realmente capaz de cuidar de outra coisa que não seja de si (e talvez nem de si ainda saiba). É no mínimo admirável, no entanto, que se proceda tão voltado para si, que só se veja o quadrado delimitado, em que se repetem atos impensados, com todo o cuidado da vida: não pisar na linha e não levar prenda. Meio behaviorista, não? Não pise e repita, repita como se manda. Ganham-se o elogio do reforço positivo e a ameaça do reforço negativo, a prenda, se tudo não entrar nos conformes. É esquisito olhar pro chão com medo de um limite e não, ao menos em um ato apaixonado e idealista, erguer os olhos e vislumbrar alguns longes inspiradores.

Esse mantra tem seus méritos: entrou na boca e na mente do povo e sub-repticiamente, rasteiro e esperto, ocupa os falares, os papos de esquina, as conversas sobre política, as críticas e aceitações. É sedutor ironizar a situação do país com esse mantra e um risinho de canto de boca no fim de uma discussão que não teve fim e, parece, desse jeito, não terá. É fácil detectar isso. Achar um fim diferente é que não é tão sedutor assim. É melhor posar de crítico, de cético. Ou ainda dançar conforme o quadrado. Quadrado este que, aliás, muito surpreendentemente, foi feito para tutoriar crianças e iniciá-las no funk. Outro mérito para ele: o funk é inevitável em nossa cultura (já que é a mídia e a preferência de muitos), mas as letras que combinam com a batida contagiante e sexual – espécie de dança de acasalamento contemporânea – não são viáveis para os ouvidinhos infantes de nossos consumidores mirins. Eis que surge uma musiqueta dita bem inofensiva, permeada de didatismo quase adorável (que ameaça com prendas e que dá elogios e que conduz a cada momento, explicando “agora vamos isso”, “agora vamos aquilo”, uniformizando, ato contínuo, a alegria alheia).

Mais do que depressa, dou-me conta da necessidade de se analisarem, passo a passo, os passinhos da música. Mais ainda se descobrirá sobre o imaginário nacional em relação àquilo que as criancinhas (e também adultinhos perversos) podem ouvir e dançar e devem valorizar. O início é até divertido – “Aí galera! / Tô chegando” – pois se trata de um coloquialismo acolhedor. E até convida a uma pseudo-fraternidade: “Vamos juntos!”. Leia-se, aqui, não a unidade entre amigos, mas sim todos juntos repetindo o mesmo para si, num mar de esforços perdidos, já que não unidos para a festa. Ainda assim, parece engraçado e tentador, ao ritmo das batidas. E o “cada um no seu quadrado” repete-se instintivamente, e, frenéticos, todos, felizes da vida, exalando energia, permitem-se entrar na festa. O “ado-a-ado” representa um eco di-silábico do que se quer, induzindo a percepção de uma rima, sendo esta, indiscutivelmente, elemento rico de musicalidade.

Qual não é minha surpresa ao ver que os primeiros elementos evocados são elementos puramente nacionais, sobretudo o primeiro, saci, figura do folclore brasileiro, sui generis, popularesco, próximo. Figura negra, de cachimbo e sem uma perna, mas que mesmo assim é alegre, aventureiro e ridente (de dentes muito brancos, ressalte-se): parece-me mesmo o brasileiro (ainda que sem condições boas de vida, continua pulando como pode, como dá, sorrindo, bem-humorado e fresco). O saci exige muita coordenação motora e equilíbrio, não é fácil ser um saci, não é mesmo? Inda mais quando se lhe impõe uma giratória, que todos repetem desafiados. Claudinho e Bochecha, espécies de pais do funk melody brasileiro, não fogem à regra: igualmente brasileiros, negros, felizes: dupla. Mesmo com a idéia dupla, cada um no seu quadrado tenta se fender a imitar o gestual memorável de bochecha, que Deus o tenha.

A Globalização não fica de fora, no entanto. Temos cawboys brasileiros, mas a palavra e a gênese da idéia não são brasileiras. E repetimo-los. Vem-nos o Matrix: filme e idéias extremamente complexos e americanos e virtuais, que são representados pelo ponto máximo: a fuga heróica dos tiros, encurva-se para imitar tal ato, que possibilita mostrar toda a elasticidade do corpo e o vigor da coluna. É muito jogo de cintura que se exige. O Robinho, habilidoso jogador, tão aparecente na mídia, por sua rapidez (e jogo de cintura, mas que obstinação!) também dá as caras. Afinal, trata-se de um elemento futebolístico, tão caro ao brasileiro.

Depois da primeira sessão: dance bonito e mostre que gostou. E, prepare-se, há muito mais. Bem didaticamente o animador avisa que vamos malhar. É polichinelo, Flexão, Bíceps: divertidos movimentos que se fazem ao som do funk. E que indicam a preocupação com o exercício físico e com o físico, claro. Depois surge o esporte, aquele que é vida, é (ou pode ser) um tema nobre, que resgata jovens do mundo do crime, que eleva o espírito, que é admirável. Lembrando do Pan no Rio, faz-se a alusão a essa constante que deve ser disseminada crianças afora. Corrida, natação, obstáculo ou não: é necessário muito equilíbrio para realizar todas as variantes sem se pisar na linha. Esses são, é fato, temas dignos de crianças e de nota. E adultos que estão cansados de funk pesados.

O Paquito – que diabos isso quer figurar? – dança, mostra que gostou e parte para a imitação de bichinhos. Macaquinho (animalzinho engraçado esse, não?), Gaivota (que voa no quadrado) e o atual famosíssimo siri, popularizado por outros programas de TV. Falando em TV e temas pop, eis que surge Dona Cicarelli. O leitor há de me ajudar a elaborar conclusões: o que Cicarelli faz aqui nessa música? Não me recordo... Ah, sim! Claro: modelo que representa ideal de beleza (que, hoje, é uma mistura de belo com magreza, como se procura nas mídias) e liberação sexual: afinal, quem tem algo a ver com a vida dela, não é mesmo? Nossos peitos juvenis merecem aprender essas lições. Bem como adultos, claro, os inventores e apreciadores da moda. Depois de Cicarelli, o astro-rei é justamente reverenciado: tenta-se imitar o sol, no quadrado. Afinal, sol nasce para todos, brilha para cada um dos quadrados: quem não busca, com seu quadrado (individualidade e egocentrismo), um lugar ao sol? Após isso, à maneira dos surrealistas, evoca-se o patinete (seria por um passeio ao sol, que deu suas caras?).

A dancinha estava legal. Até o momento de declaração: o quadrado do lado é do inimigo. Brigue com ele e se salve, ora – coisa que brasileiros tentam fazer todo santo minuto. Surge a lendária figura de Zidane, que, civilizado, porém, sangue quente, defendeu a honra das mulheres de sua família com uma cabeçada. E é isso que fica, ainda que ele tenha se desculpado do vexame depois. Empurra-se o inimigo depois disso, aquele mesmo que se dispôs da “dançar junto” com você no início da música. O próprio Robinho ressurge aqui com conotação negativa: “pedala no inimigo”, que seria um amigável tapãozinho na nuca. E, depois de tudo, reconhece-se que as briguinhas (aqui figuradas por elementos do futebol, do memorável e admirável futebol) são rápidas, bobas, inúteis. E instituem-se, através de um beijinho, a paz e o equilíbrio do mundo recortado em quadrados multicoloridos, maiores ou menores (será que existe a reforma agrária nos quadrados?). E esse beijinho, através de incentivo do animador da música, pode ser um selinho (claro, se for para criança, selinho póóóde) no inimigo do lado (independente ele qual seja. Afinal, na cultura brasileira, selinho é coisa comum mesmo). Só resta saber se esse selinho é beijo de Judas.

E o último aviso de todos: “E não pisa na linha!”. Segure-se. Fique bem, porque agora estou pegando meu quadrado e dando linha...